Friday, February 17, 2006

Textos das Três e Cinco da Manhã

São 03:05 da manhã, e eu estou suado. Suado de tanto dançar em uma festa. E, ao contrário do que algumas pessoas imaginam, acabei dançando bem. Mas apenas aquilo que eu sei dançar bem...
São 03:05 da manhã, e eu estou com sono. Um dia cheio, trabalho, resolver problemas, conversas. Foi um dia cheio, mas ainda assim estou satisfeito com ele...
São 03:05 da manhã, e eu escuto Cat Power. O nome do CD é The Greatest. O melhor que ela já fez, justamente porque não é depressivo. Pelo menos, não extremamente depressivo...
São 03:05 da manhã, e a festa de um jovem que passou no curso de Medicina da USP com 17 anos fez uma das festas mais doidas de sua vida...
São 03:05 da manhã, e eu novamente tenho vontade de pegar o Grande Livro do Destino e picar ele em mil pedaços, principalmente as partes que se referem a mim...
São 03:05 da manhã, e eu sinto vontade de chorar. Mas me nego a chorar. Não vou mais chorar, pelo menos não por causa...
São 03:05 da manha, e eu já penso o que vou fazer hora que acabar de chorar. Penso nas viagens que vou ter que fazer, se é que vou ter que fazer. E penso em como vai ser...
São 03:05 da manhã, e eu vejo o Destino novamente se manifestando de uma forma que não gostei. Mas me conformo, pois o Destino não está se importando comigo, e porque eu deveria me importar com ele...
São 03:05 da manhã, e eu chego à conclusão de que a vida continua, como ela sempre continuou anteriormente...
São 03:05 da manhã, e a última pessoa com quem eu tava conversando se despede de mim no MSN. Estou sozinho, absolutamente sozinho...
São 03:05 da manhã, e queria beber uma coca cola. Mas não tem coca cola aqui em casa. Infelizmente...
São 03:05 da manhã, e eu me lembro de como dancei na festa do calouro de Medicina, e como teve gente que estava acompanhando meus passos enquanto dançava...
São 03:05 da manhã, e lembro de minha última namorada, e torço em silêncio para que ela encontre as soluções para seus problemas...
São 03:05 da manhã. Apenas 03:05 da manhã...
... e eu digo novamente boa noite a mim mesmo.

Wednesday, February 15, 2006

Maktoub

Maktoub. Está escrito.
Os árabes usam constantemente essa palavra para definir o que eu chamo de Destino. Segundo eles, aquilo que foi escrito por Allah vai acontecer, indiferentemente do que desejemos. Afinal de contas, a vontade Dele é maior do que tudo e todos.
Isso significa o seguinte: o que tiver que acontecer VAI acontecer, indiferente do que você, eu, o presidente dos EUA ou mesmo o Papa (também conhecido como Senador Palpatine) deseje. Está escrito, ou seja, vai acontecer.
Até então, nenhuma novidade. Em vários textos eu já escrevi sobre destino, e principalmente sobre minha inconformidade com o que ele aprontou comigo, principalmente no ano passado. Bem, hoje o ponto de vista é um pouco diferente.
Vejamos pelo seguinte viés: se está escrito, adianta eu reclamar? Não. O máximo que vai acontecer é o Destino rir da minha cara, mas até isso seria pedir demais. Ele certamente vai me ignorar (afinal de contas, desde quando o Irmão Destino se importa com os mortais?) e continuar lendo o seu grande livro ao qual está acorrentado. Novamente, Maktoub.No final das contas, e por mais que eu fique deveras incomodado com o fato, não resta outra solução pra mim a não ser aceitar os desígnios do Destino, mesmo que ele esteja reservando pra mim um monte de merda no final da vida. Claro que isso seria uma grande sacanagem, mas vou reclamar com quem?
E o que diabos fez eu mudar minha concepção sobre o Destino? Bem, de certa forma, foi uma constatação que, aparentemente, nada tem a ver com esse fato: a minha mania de querer prever tudo, de querer controlar todo e cada aspecto de minha vida. E eu acabei notando (graças a uma pessoa) que isso é um pouco idiota. Não adianta eu ter controle sobre cada aspecto de minha vida sendo que ela está interligada com a vida de outros. Em essência, ter controle sobre tudo que acontece na minha vida é querer controlar o que acontece também na vida dos outros.
Foi bem legal pra mim perceber que, às vezes, é mais interessante deixar o Destino seguir seu curso. Algumas vezes ele nos reserva surpresas agradáveis que, por estarmos tão ocupados em controlar cada aspecto de nossa vida, acabamos por ignorar. Claro, pra mim ainda tá sendo um puta processo (por vezes muito complicado) colocar em prática tais coisas (afinal de contas, imagina um sujeito que durante anos procurou ter esse tipo de controle em suas mãos mudar de comportamento), mas com esforço e boa vontade eu sei que vou conseguir.
Minto. Com esforço, boa vontade e a ajuda de uma pessoa em especial, com certeza eu vou conseguir. Aliás, já tenho conseguido um certo grau de sucesso nesse processo! Isso tem me animado um bocado.
Enfim, se está escrito, escrito está, e nada vou poder fazer pra mudar isso, pro bem ou pro mal. Sendo assim, vamos tocando a vida. Da minha parte, vou torcer para que esteja escrito no grande livro uma ou outra coisinha que, sinceramente, ficaria muito feliz em ver realizada.

***

Bem, vamos voltar com as resenhas de CDs que eu tenho ouvido. E vou começar, de cara, com os álbuns que são sérios concorrentes a serem os MELHORES de 2006!E olha que o ano sequer começou...

***

Cat Power - The Greatest
Sendo bem sincero, nunca fui grande fã dessa banda. Sempre a achei tremendamente melancólica, o vocal da Chan, apesar de suave como um sonho, sempre foi triste demais pra mim. Porém, esse CD novo foi literalmente uma guinada na carreira da mocinha bonita. O som, apesar de ainda ter os seus momentos de melancolia, consegue ser mais leve aos ouvidos. Ao menos eu não saí com vontade de chorar ou de me jogar da ponte ao ouvir esse CD.A impressão que me deu é que eles tentaram fazer um trabalho mais light, com um clima mais fim de noite solitário, mas não aquele solitário melancólico, que liga o rádio andando pelas ruas de alguma cidade vazia chorando ao volante (quem aqui viu essa cena no começo do Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças?), mas sim o sujeito que tá num bar ou num pub, bebendo uma cerveja e olhando o movimento de tudo, sem se preocupar com a sua própria solidão, aliás, preferindo estar sozinho.É um CD bem diferente dos anteriores, principalmente do Dear Sir (1995), e do Moon Pix (1998). É bem mais gostoso de se ouvir, e você não fica com vontade de chorar ou de encher a cara de frustração por ouvi-lo.
VEREDITO: Ouça quando estiver bebendo ou quando estiver acompanhado de alguma guria e estiver a fim de fazer um clima romântico. É satisfação garantida!
SUGESTÕES: Could We, After It All, Where Is My Love

***
Belle and Sebastian - The Live Pursuit

Conheço Belle and Sebastian já faz um tempo, tenho todos os CDs, sou um fã confesso há muito tempo. Mas PUTAQUEPARIU!!! ESSE CD É MUITO FODA! Até então eu achava que Dear Catastrophe Waitress era o melhor, competindo de perto com if You´re Feeling Sinister. Mas esse CD é tremendamente incrível! Até mesmo que não era fã ou que ligava pouco pra banda virou fã depois de ouvir essa obra prima da banda.E o que fez The Live Pursuit ser tão incrível? A despretensiosidade. Dá para notar no último trabalho deles (Dear Catastrophe Waitress) uma certa pretensão em se tornar pop, ainda que a banda em si tenha tentado manter sua identidade. O CD é bom, mas não conseguiram se tornar pop. Acho que nessa hora, um olhou pro outro e falou "cara, foda-se o pop. Vamos fazer algo divertido"! E acertaram na mosca. Esse novo CD é extremamente divertido e alto astral. Excelente receita pras noites chuvosas, solitárias e melancólicas. Lhes garanto, é satisfação garantida!Pra mim, o ano de 2006 acabou. Já temos o melhor álbum do ano!
VEREDITO: Precisa dizer algo mais? SE VIRA E ARRANJA ESSE CD!
SUGESTÕES: The Blues are Still Blue, Sukie in the Graveyard, For the Price of a Cup of Tea

Friday, February 10, 2006

A Leveza

Gente, esse foi um conto que eu escrevi há alguns meses atrás. Não sei se é dos melhores, mas foi a minha primeira tentativa em escrever algo que não fosse contos de terror, e espero que tenha ficado bom.
Leiam, julguem e critiquem, ok!

***


“... foi ótimo falar com você de novo. Estava com muitas saudades, viu. Tchau!”
Ela desligou o telefone. Ele foi ao bar que ficava num dos cantos da sala e preparou uma dose de whisky. Havia muito, mas muito tempo mesmo que não falava com ela. Era uma ex- namorada, dos tempos de faculdade. Não durou muito tempo (apenas alguns meses), mas foi o bastante para formar uma cicatriz profunda na alma dele. Profunda o suficiente para fazer todos aqueles erros que todos os ex-namorados e ex-namoradas fazem logo depois que acaba o relacionamento. Tentar manter uma amizade sólida e firme logo após o fim, por exemplo.
Começou a beber a dose e foi para a janela de seu apartamento. Não era uma cobertura, não tinha dinheiro para tanto, mas era alto o bastante para garantir uma bela vista da cidade. Pontos de luz por toda a parte, alguns estáticos, outros móveis. A vida da cidade, era isso que sempre buscara. Uma vida fora do corpo dele próprio. Pontos solitários que são notados em conjunto, formando um ser único, vivo e iluminado.
Ele acreditava que tinha que buscar a iluminação de fora para dentro, pois dentro de si estava tudo escuro. Não tinha noção ainda de que havia uma luz dentro dele. Fraca, tímida, mas ainda havia. Era apenas uma questão de olhar bem pro fundo da alma, encontrar e traze-la novamente à tona. Mas não queria fazer isso. Estava tão acostumado àquela escuridão interior que acreditava não mais existir luz nenhuma dentro de si. A bem da verdade, se acostumara àquela situação. Preferia a segura escuridão da alma à se arriscar de volta para a luz.
Era interessante analisar aquele homem. Bem sucedido e realizado em sua profissão. Trabalho bem elogiado, diga-se de passagem. Estava começando a viajar o mundo, como sempre quisera. Tinha ido para a Espanha e tentou comprar uma espada, mas nunca imaginou que uma Toledo-Salamanca fosse tão cara. Aliás, não imaginava que fosse artigo de antiquário, cotado em milhares de dólares. Tinha ido também para a Itália, mas ali não quis comprar uma Ferrari. Nunca foi fanático por carros. Estava com uma viagem programada para a Irlanda, com uma passagem pela Inglaterra e pela Escócia. Tinha uma situação econômica confortável, fruto de uma herança razoável e de umas economias durante os primeiros anos de emprego. Tinha um apartamento próprio com uma bela vista noturna. Tinha uma boa coleção de Cds. Tinha uma coleção razoável de DVDs. Tinha um carro (mas apenas por pura necessidade, como gostava de falar, pois odiava dirigir). Enfim, tinha um padrão de vida muito bom.
Mas não tinha uma namorada. Nem esposa. Nem amante. Nada. Sequer se casara um dia. Tinha amigos, claro, os reunia com certa freqüência em seu apartamento, jogavam conversa fora, bebiam, davam risada, mas nada além disso. Tinha tido várias namoradas durante o seu tempo de universitário (começou a namorar tarde, era um jovem tímido), mas nenhuma tinha dado certo. Teve aquelas que duraram mais tempo, aquelas que duraram menos, como todo jovem normal. Mas havia aquelas que tinham marcado a ferro e fogo na alma, aquelas que ele preferia não falar para não sentir saudades, porque saudade é um sentimento muito incômodo.
Apesar de preferir não falar nessas ex-namoradas, não significa que não falava quando perguntado. Inclusive nunca perdera a amizade com nenhuma delas. Naturalmente que o tempo fazia com que se afastassem, mas as considerava (bem como a maioria de suas ex-namoradas) como boas amigas. A maioria delas se casara, e estavam felizes com seus maridos. Uma delas já tinha dois filhos (crianças adoráveis, pelo que ficou sabendo), e isso, bem no fundo, o fazia sentir inveja. Queria ser pai, apesar de sempre falar para si e para os seus amigos que não seria um bom pai. Queria ser um bom marido, daquele tipo que sai para jantar com a esposa de fim de semana, faz programas diferentes, ou mesmo programas iguais, quando os programas diferentes se tornassem muito iguais. Sabia que tinha tudo para ser um bom companheiro.
Porém, ele desistira disso. Sempre sofreu demais no final de cada namoro, mas sempre se reergueu para tentar novamente. Entrar de cabeça em cada namoro, curtir ele ao máximo, ser curtido ao máximo. Viver intensamente cada momento, porque poderia ser o último. E muitas vezes, acabava de fato sendo o último. Mas, tudo bem. Ele caía, se levantava, cicatrizava as feridas e tentava de novo. Uma nova tentativa, novos momentos intensos, uma nova queda. E o ciclo se repetia, indefinidamente.
Até que um dia, ele notou esse ciclo. Notou que não importava o quanto se dedicasse, o Destino pregava uma peça e ele caía. Ou então ele fazia uma grande bobagem que levava a outras bobagens e caía novamente. Ou então a namorada em questão se mostrava uma pessoa bem pior do que era, e ele só notava isso tarde demais. Enfim, todas as vezes que ele estava feliz, acontecia alguma coisa que fazia essa felicidade acabar. Às vezes dava certo de passar por cima disso, uma, duas, três vezes. Mas um dia, essa felicidade acabava de vez. E o namoro acabava junto.
Quando ele notou esse ciclo, decidiu por não mais se relacionar com ninguém. Se fechou em relacionamentos estéreis. Apenas sexo, como ele mesmo dizia. Encontrava-se com uma mulher, pagava um jantar, saía com ela quando quisesse. E apenas para sexo, deixava isso bem claro para elas. Uma relação puramente pornográfica. Fazia sexo algumas vezes, e nada mais do que isso. Às vezes dormia na casa de uma ou outra, mas era o máximo que se permitia. Não queria mais se abrir para esse tipo de sentimento. Já havia se machucado muito por causa disso, e não queria mais isso para si. Fechou aquela luz intensa que tinha em sua alma num canto bem escondido do coração, e esqueceu a chave em algum lugar do corpo, ou até mesmo fora dele. E, para finalizar essa obra de auto-preservação, se convencera de que era um homem feliz.
E se convencera muito bem do fato! Afinal de contas, tinha tudo que ele achava que precisava. Dinheiro o bastante para atender suas necessidades, uma certa fama em seu ramo de trabalho, amigos leais e divertidos, casos sexuais totalmente casuais e desprovidos de qualquer tipo de sentimento mais profundo que não o tesão. Infelizmente, ele não era o tipo de pessoa que se satisfazia com isso, não apenas com isso. Ele precisava mais. Mas, como sempre fora muito hábil na arte de se enganar, então se convencera de que isso lhe bastava.
Mas aquela ligação mudou tudo. A mulher que ligou para ele foi uma daquelas namoradas que marcou a alma dele. Foi uma das pessoas que, sem querer, o fizeram convencer de que deveria enganar a si mesmo. Porém, ela ligara para saber como ele estava. Chegou a convida-lo para sair, naquela mesma noite, apenas para se divertirem e relembrarem as coisas boas de antigamente. Nada daquela conversa idiota que ele via às vezes em algum filme, onde a pessoa liga para um antigo amor falando que jamais conseguira esquece-lo. Ele odiava aqueles filmes, achava aquilo uma das maiores mentiras que os homens inventavam para eles mesmos.
Como se aquilo que ele fazia consigo não fosse também uma daquelas mentiras que os homens fazem para si próprios.
Ele começou a pensar sobre a sua vida enquanto olhava para a vida lá fora. Começou a pensar o que havia feito com a sua vida, e começou se orgulhando dela. Tinha tudo que a maioria dos seres humanos queria ter. Só não tinha uma família mas... qual era a diferença que isso fazia para si? Havia vivido muito bem sem ela, não precisava de uma. Ele tinha tudo, simplesmente tudo.
Mas então, por que estava pensando tanto nisso? Se tinha tudo que queria, por que uma simples ligação criou tamanho transtorno? Como é que uma ex-namorada causara tanto transtorno? Ainda... a amava?
Não, não a amava mais. Havia tido outros amores depois dela, alguns mais intensos, outros menos. Não era amor o que sentia por ela. Era alguma outra coisa, e sequer era por ela, mas... parecia por si mesmo. Algo como... saudade? Mas como é possível sentir saudades de si mesmo? Aqueles tempos tinham se acabado, não tinha porque sentir saudades de si. Ele estava ali... não estava? Ele estava feliz... era feliz...
Nesse momento, ele olha para a prateleira de livros que ficava no escritório que também era uma biblioteca (como havia chegado até ali?) e olhava para um livro na prateleira. A Insustentável Leveza do Ser, de Milan Kundera, era o livro. Era uma história de amor toda diferente, que se baseava na seguinte idéia: o ser humano precisa de problemas, porque são os problemas que fazem o ser humano saber que está vivo. Sem problemas, o ser humano fica leve, mas isso uma hora se torna um fardo para o homem. A leveza traz o tédio, e esse tédio se torna insuportável, até que nós encontramos um problema para nos preocupar. E são esses problemas que nos traz peso, alegrias e tristezas. Alegrias pelas conquistas e resoluções, e tristezas pelas insatisfações.
Foi ao notar isso que ele percebeu que não era feliz. O que ele fizera era apenas uma simulação de felicidade, de um mundo perfeito, onde ele era o centro de tudo e de todos, ainda que ele fosse o único morador desse mundo perfeito. A felicidade que ele criara para si era tão instável que bastou um telefonema para que ela se quebrasse, e o seu verdadeiro eu aparecesse novamente. A caixa onde ele havia guardado sua luz acabava de ser quebrada, e do jeito mais idiota e improvável que ele jamais imaginara.
Foi nesse momento que ele chegou a uma conclusão: havia se escondido de si mesmo por tempo demais. Havia deixado de sofrer por muito tempo. Era tempo de, novamente, sentir o peso da frustração, e de todas as coisas boas e ruins que vêm junto com ela. Era tempo de se livrar daquela leveza que se tornara um fardo, e cair de cabeça novamente nas situações que ele tanto gostava de se meter antigamente. E tinha que ser agora.
Voltou para a sala, bebeu o último gole de whisky (o gelo já havia até derretido) e pegou o fone. Iria ligar para aquele antigo amor. Poderia ser o começo de algo novo, poderia ser uma nova frustração, poderia ser nada mais do que uma boa conversa. Mas iria arriscar. Iria vê-la novamente e, quem sabe, sentir novamente aquele sentimento incômodo e envolvente que um dia sentira por ela. Se não sentisse, bem, azar. Aliás, era o mais provável que não sentisse. Mas daria a chance para si mesmo de sentir novamente. Independendo do que acontecesse, iria dar essa chance para si.
Finalmente, ele voltara a se encontrar consigo mesmo, e notou que sentia muita saudade de si. Esse sentimento se tornara forte quando pegou o fone, discou os números que ela lhe passara, e escutou sua voz:
“Alô? Nossa, você! Achei que nunca mais iria me ligar, sabia?”