Wednesday, February 15, 2006

Maktoub

Maktoub. Está escrito.
Os árabes usam constantemente essa palavra para definir o que eu chamo de Destino. Segundo eles, aquilo que foi escrito por Allah vai acontecer, indiferentemente do que desejemos. Afinal de contas, a vontade Dele é maior do que tudo e todos.
Isso significa o seguinte: o que tiver que acontecer VAI acontecer, indiferente do que você, eu, o presidente dos EUA ou mesmo o Papa (também conhecido como Senador Palpatine) deseje. Está escrito, ou seja, vai acontecer.
Até então, nenhuma novidade. Em vários textos eu já escrevi sobre destino, e principalmente sobre minha inconformidade com o que ele aprontou comigo, principalmente no ano passado. Bem, hoje o ponto de vista é um pouco diferente.
Vejamos pelo seguinte viés: se está escrito, adianta eu reclamar? Não. O máximo que vai acontecer é o Destino rir da minha cara, mas até isso seria pedir demais. Ele certamente vai me ignorar (afinal de contas, desde quando o Irmão Destino se importa com os mortais?) e continuar lendo o seu grande livro ao qual está acorrentado. Novamente, Maktoub.No final das contas, e por mais que eu fique deveras incomodado com o fato, não resta outra solução pra mim a não ser aceitar os desígnios do Destino, mesmo que ele esteja reservando pra mim um monte de merda no final da vida. Claro que isso seria uma grande sacanagem, mas vou reclamar com quem?
E o que diabos fez eu mudar minha concepção sobre o Destino? Bem, de certa forma, foi uma constatação que, aparentemente, nada tem a ver com esse fato: a minha mania de querer prever tudo, de querer controlar todo e cada aspecto de minha vida. E eu acabei notando (graças a uma pessoa) que isso é um pouco idiota. Não adianta eu ter controle sobre cada aspecto de minha vida sendo que ela está interligada com a vida de outros. Em essência, ter controle sobre tudo que acontece na minha vida é querer controlar o que acontece também na vida dos outros.
Foi bem legal pra mim perceber que, às vezes, é mais interessante deixar o Destino seguir seu curso. Algumas vezes ele nos reserva surpresas agradáveis que, por estarmos tão ocupados em controlar cada aspecto de nossa vida, acabamos por ignorar. Claro, pra mim ainda tá sendo um puta processo (por vezes muito complicado) colocar em prática tais coisas (afinal de contas, imagina um sujeito que durante anos procurou ter esse tipo de controle em suas mãos mudar de comportamento), mas com esforço e boa vontade eu sei que vou conseguir.
Minto. Com esforço, boa vontade e a ajuda de uma pessoa em especial, com certeza eu vou conseguir. Aliás, já tenho conseguido um certo grau de sucesso nesse processo! Isso tem me animado um bocado.
Enfim, se está escrito, escrito está, e nada vou poder fazer pra mudar isso, pro bem ou pro mal. Sendo assim, vamos tocando a vida. Da minha parte, vou torcer para que esteja escrito no grande livro uma ou outra coisinha que, sinceramente, ficaria muito feliz em ver realizada.

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Bem, vamos voltar com as resenhas de CDs que eu tenho ouvido. E vou começar, de cara, com os álbuns que são sérios concorrentes a serem os MELHORES de 2006!E olha que o ano sequer começou...

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Cat Power - The Greatest
Sendo bem sincero, nunca fui grande fã dessa banda. Sempre a achei tremendamente melancólica, o vocal da Chan, apesar de suave como um sonho, sempre foi triste demais pra mim. Porém, esse CD novo foi literalmente uma guinada na carreira da mocinha bonita. O som, apesar de ainda ter os seus momentos de melancolia, consegue ser mais leve aos ouvidos. Ao menos eu não saí com vontade de chorar ou de me jogar da ponte ao ouvir esse CD.A impressão que me deu é que eles tentaram fazer um trabalho mais light, com um clima mais fim de noite solitário, mas não aquele solitário melancólico, que liga o rádio andando pelas ruas de alguma cidade vazia chorando ao volante (quem aqui viu essa cena no começo do Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças?), mas sim o sujeito que tá num bar ou num pub, bebendo uma cerveja e olhando o movimento de tudo, sem se preocupar com a sua própria solidão, aliás, preferindo estar sozinho.É um CD bem diferente dos anteriores, principalmente do Dear Sir (1995), e do Moon Pix (1998). É bem mais gostoso de se ouvir, e você não fica com vontade de chorar ou de encher a cara de frustração por ouvi-lo.
VEREDITO: Ouça quando estiver bebendo ou quando estiver acompanhado de alguma guria e estiver a fim de fazer um clima romântico. É satisfação garantida!
SUGESTÕES: Could We, After It All, Where Is My Love

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Belle and Sebastian - The Live Pursuit

Conheço Belle and Sebastian já faz um tempo, tenho todos os CDs, sou um fã confesso há muito tempo. Mas PUTAQUEPARIU!!! ESSE CD É MUITO FODA! Até então eu achava que Dear Catastrophe Waitress era o melhor, competindo de perto com if You´re Feeling Sinister. Mas esse CD é tremendamente incrível! Até mesmo que não era fã ou que ligava pouco pra banda virou fã depois de ouvir essa obra prima da banda.E o que fez The Live Pursuit ser tão incrível? A despretensiosidade. Dá para notar no último trabalho deles (Dear Catastrophe Waitress) uma certa pretensão em se tornar pop, ainda que a banda em si tenha tentado manter sua identidade. O CD é bom, mas não conseguiram se tornar pop. Acho que nessa hora, um olhou pro outro e falou "cara, foda-se o pop. Vamos fazer algo divertido"! E acertaram na mosca. Esse novo CD é extremamente divertido e alto astral. Excelente receita pras noites chuvosas, solitárias e melancólicas. Lhes garanto, é satisfação garantida!Pra mim, o ano de 2006 acabou. Já temos o melhor álbum do ano!
VEREDITO: Precisa dizer algo mais? SE VIRA E ARRANJA ESSE CD!
SUGESTÕES: The Blues are Still Blue, Sukie in the Graveyard, For the Price of a Cup of Tea

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